Quando te olho

Olho-te, o que vejo?

Isso posso dizer-lhe.

Vejo seu sorriso tímido e contido,

por entre as frechas de teus dedos longos e de mãos perfeitas,

vejo a brancura da tua pele em contraste com as ondas do mar negro,

que é o seu cabelo.

Vejo o lento pestanejar que tu manténs

quando algo prende a sua atenção,

Vejo o rubro em tua face,

enquanto desajeitadamente doce ris e se encolhe,

Vejo teu corpo pequeno e delgado,

seu caminhar leve e contínuo, nas tuas roupas

foscas e mórbidas que lhe dá um belo ar sobrenatural,

enquanto soltas seus comentários naturais e sem sentido.

Olho-te o que sinto?

Isso já não posso revelar-te tao completamente,

sinto avontade de acolher-te,

de salvar-te,

ensinar-te,

fazer-te feliz.

Olhar a você é sentir a melancolia da fraqueza,

é sentir o que se pode fazer,

e ver a frustração de não realizar,

não poder conhecer-te ao âmago,

fazer-te desabrochar

e revelar todo o potencial de sua insosa timidez.

Ver-te é saber que nem tudo se pode e querer não basta para

trazer a todos a beleza e paixão que vejo e absorvo.

Hadalia
Enviado por Hadalia em 20/08/2010
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