Quando te olho
Olho-te, o que vejo?
Isso posso dizer-lhe.
Vejo seu sorriso tímido e contido,
por entre as frechas de teus dedos longos e de mãos perfeitas,
vejo a brancura da tua pele em contraste com as ondas do mar negro,
que é o seu cabelo.
Vejo o lento pestanejar que tu manténs
quando algo prende a sua atenção,
Vejo o rubro em tua face,
enquanto desajeitadamente doce ris e se encolhe,
Vejo teu corpo pequeno e delgado,
seu caminhar leve e contínuo, nas tuas roupas
foscas e mórbidas que lhe dá um belo ar sobrenatural,
enquanto soltas seus comentários naturais e sem sentido.
Olho-te o que sinto?
Isso já não posso revelar-te tao completamente,
sinto avontade de acolher-te,
de salvar-te,
ensinar-te,
fazer-te feliz.
Olhar a você é sentir a melancolia da fraqueza,
é sentir o que se pode fazer,
e ver a frustração de não realizar,
não poder conhecer-te ao âmago,
fazer-te desabrochar
e revelar todo o potencial de sua insosa timidez.
Ver-te é saber que nem tudo se pode e querer não basta para
trazer a todos a beleza e paixão que vejo e absorvo.