Amo, porque amo
Para alguns o amor é um ofício,
Ganham a vida vivendo de amor
E se aproveitam dos que amam por doença ou vício.
Eu, por minha vez, amo, porque amo.
Para isso pouco importa meu prévio consentimento.
Ademais não sou grande adepta de cronologias,
Portanto não sei dividir amor em categorias de acordo com o tempo:
“Aqueles que passam, aqueles que ficam”.
Tanto sei amar por um único instante como por um eterno momento
Amaria mesmo que não soubesse conjugar o verbo,
Inexistisse objeto e não pudesse ser o sujeito.
Persistiria neste querer apesar daqueles que não sabem amar direito.
Imagino que todos saibam que hoje as pessoas são descartáveis,
Possuem prazo de validade tão curto quanto nossa capacidade de gerar prazer.
Felizmente nós humanos somos recicláveis,
Resistentes a chuva, ao sol e a covardia..
Juro que não amo por excesso de tempo
Ou por não ter mais o que fazer.
Talvez me falte zelo, juízo e me sobre coragem para perder.
Se me pedirem outra razão, mais um motivo,
Eu não saberia falar.
Por que acredito nesse amor tão repetitivo,
Que a maioria está acostumada a ignorar?
O pior de tudo é que minha crença se baseia em teimosia,
Faltam-me provas e esclarecimentos.
Ainda hesito em me juntar a esse bando de céticos,
Porque o mundo é muito sem-graça e silencioso
Na ausência dos sentimentos.