Ao meu amor...
È tão bonito te ver quieta, aninhada em meu peito,
Como uma criança frágil, um olhar de pássaro perdido.
Nas noites frias formamos um só, agasalhados no leito
A rir, a brincar: tu és a mocinha, eu encarnarei teu bandido.
Nossos braços e pernas misturados, nossos versos lidos sem jeito,
Estrofes pensadas, mil poesias inacabadas; dois pares de lábios fundidos
Num beijo incendiário, sem término – é mais uma noite que partilhas comigo;
É mais uma vivência em nossa redoma - é um sonhar acordado que divido contigo.
Vejo-te vestida de sonhos, ungida de amor – um anjo a voar, ao meu encontro, de asas abertas.
Teu abraço tão cálido, teu sorriso tão doce, tua voz de contralto e teu olhar sem igual
Fazem meu coração apertado, o meu pensar desvairado: - não tivesse, por noturnas vias incertas,
O Universo te mostrado pra mim, como uma prece atendida, um presente de antecipado Natal,
Eu continuaria a venerar-te na mente, amando-te (sem te ver) nesta busca inconclusa, dessa forma incompleta.
Mas receber-te, meu amor, foi uma dádiva pelos deuses ofertada - a junção do Ideal com o Real.
Nossas vidas, de pedaços de Ontem juntados, são nossas pérolas do Hoje, nossa concha do Agora.
Então, meu amor, mergulhado no azul de teus olhos te digo com fervor: - sou teu eterno namorado; não mais vou embora.
Sempre fiquei a teorizar como seria a junção do amor com a Paixão, pois embora sonhasse em viver algo assim tão próximo da perfeição não mais julgava viável que isso viesse a acontecer comigo. Já quase ao entardecer de minha existência, eis que tenho a visão de uma linda Garça, transmutada na mulher que veio provar, para mim, ser possível juntar na mesma taça Amor e paixão, que aos poucos foi se transformando na princesa que Hoje tomou de assalto o castelo de meu coração.
Cidade dos Sonhos, entardecer de uma Quinta-Feira de meados de Agosto de 2010
João Bosco