A tua voz fala amorosa...

Qual é a tarde por achar

Em que teremos todos razão

E respiraremos o bom ar

Da alameda sendo verão,

Ou, sendo inverno, baste 'star

Ao pé do sossego ou do fogão?

Qual é a tarde por voltar?

Essa tarde houve, e agora não.

Qual é a mão cariciosa

Que há de ser enfermeira minha —

Sem doenças minha vida ousa —

Oh, essa mão é morta e osso ...

Só a lembrança me acarinha

O coração com que não posso.

by Fernando Pessoa

Conde Diego O Poeta
Enviado por Conde Diego O Poeta em 19/08/2010
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