DE ESPIRRO EM ESPIRRO

De espirro em espirro

De espirro em espirro

vou vivendo a minha vida

catando cacos

morrendo à cada despedida

saudosista que sou

vou embrulhando os pensamentos

organizando as idéias

de espirro em espirro

vou colorindo a sala

roendo as unhas

mastigando os desejos

acabando com os lenços

gotejando lágrimas

afinando os desafios

em plena madrugada

oras desacordada

oras acordada

esquecendo como se tecla no computador

Contrabandeando sonhos

descobertas,

amores vãos,

platonices agudas,

fervendo pelo chão.

Vou ligando para os meus amores

mas, como falar com tanta rouquidão?

De espirro em espirro,

vou lembrando das minhas febres,

das minhas dores, das minhas náuseas,

dos meus dengos, dos meus afagos,

da minha infância,

dos meus desatinos,

da minha altivez...

da minha melancolia,

do meu mal humor,

dos meus gestos espalhafatosos,

escandalosos, voluptuosos,

cruéis?!

De espirro em espirro

volto a acreditar e a duvidar

do que seja verdadeiramente:

o amor!

Andréa Ermelin

18 de Agosto de 2010

Salvador-Bahia/Brasil

Quarta-feira

Andréa Ermelin de Mattos
Enviado por Andréa Ermelin de Mattos em 18/08/2010
Reeditado em 22/03/2015
Código do texto: T2445523
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