Soneto para Juliana
Vai criança, tu, com teus olhos pequenos e redondos,
Revelar o céu eclipsado de tua alma pura,
Desvelar nas linhas das tuas pequenas mãos
A frieza deste século, que mal inicia e já perdura,
Na falta de candura, no desdém no trato com tu criatura
Que com mãos pequenas espalmadas, junto ao peito, murmura
Preces misteriosas, feitas de choros e resmungos que a palavra ignora
Tu não tens futuro, teu passado é este presente de amargura.
Criança no teu país a pátria escondida fala por bocas de feiúra
São maltrapilhos escondidos na fria noite escura
São dementes tecendo o manto da desgraça futura
Criança, meus olhos duros, é o que tenho de ventura
O pão que ofereço, são estes versos pudicos de estranha lisura
E inúteis artifícios, que logo lido, passam ao longe da ternura.
Vai criança, tu, com teus olhos pequenos e redondos,
Revelar o céu eclipsado de tua alma pura,
Desvelar nas linhas das tuas pequenas mãos
A frieza deste século, que mal inicia e já perdura,
Na falta de candura, no desdém no trato com tu criatura
Que com mãos pequenas espalmadas, junto ao peito, murmura
Preces misteriosas, feitas de choros e resmungos que a palavra ignora
Tu não tens futuro, teu passado é este presente de amargura.
Criança no teu país a pátria escondida fala por bocas de feiúra
São maltrapilhos escondidos na fria noite escura
São dementes tecendo o manto da desgraça futura
Criança, meus olhos duros, é o que tenho de ventura
O pão que ofereço, são estes versos pudicos de estranha lisura
E inúteis artifícios, que logo lido, passam ao longe da ternura.