ANONIMATO

Falo- te que será:
os últimos poemas,
o último lascivo olhar.
Bem sei que minto,
pois sobrevivo desse
incessante datilografar.

Podes dar-me as costas,
podes também ignorar.
Um dia, terás tempo
de ler esse mero relato,
que fiz no anônimato,
só para te esperar...

E vais pensar com mágoa:
“Puxa... que tempo perdi!
Aquela que me amava,
que eu tanto procurava,
não me espera mais aqui”.

Estarei atrás das cortinas,
demente, a te bisbilhotar...
E direi sem pestanejar:
“agora é tarde,seja feliz!”
Que bom que sou boa atriz.


 
Railda
Enviado por Railda em 16/08/2010
Reeditado em 26/07/2013
Código do texto: T2440735
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