O PERFUME RARO
teu cheiro
invade meus pulmões,
inflando meu corpo
em volúpias,
feito incenso sagrado
em templo profano,
entorpecendo
qualquer vestígio
de razão;
e o ópio
em seu pescoço
faz vertigens
no homem sério,
aquele de gravata frouxa
no fim do dia,
aquele cansado
e desprovido de alegria,
teu cheiro é um pássaro inquieto
que pousa sobre as ramas da tristeza,
um lençol de fino linho
que um dia cobriu Davi e Bate Seba,
é a razão para eu sempre voltar
as redes dissimuladas de seus abraços,
teu cheiro é um perfume raro.