O tempo de ser amada
Já foi o tempo que o amor aguardava
Carícias da pessoa amada
Na lembrança, no oceano entre as vagas
Geme o vento em tristes farfalhadas.
O céu cinzento se contorce
Em lágrimas, se esparrama
Sinto teu corpo grudento
Suado, beijando o meu na cama.
Teus lábios sedentos em mim
Se aproximam enlouquecidos
Desejos, amor sem fim.
Profundamente contidos,
Recalcados, reprimidos.
Já vai o tempo que eu ensaiava
Carícias enternecidas
Para ti me guardava
Ser teu oceano nas horas vagas
Onde geme o vento em fortes lufadas.
Os lábios tão vazios, sofridos
Loucos segurando os gemidos
Que não mais poderão gritar
São segredos escondidos
Que não podes penetrar.
O corpo rola ciumento
Querendo ao teu se encaixar
Triste dolorido sentimento
Em teu rosto vi chegar
Será o fim, rompimento?
Os lábios murchos confusos
Gemem baixinho
Ensaiam loucos murmúrios
Saudades de teus carinhos
Tímidos, em volta do ninho.
Já vai o tempo que eu ansiava,
No corpo toalha molhada
Cabelos revoltos,
Nua na cama deitada
Esperando por ti, ser tocada, amada.