Entre o Inferno e o Paraíso
No alto da escada, tua silhueta se desenha.
Ante a luz enfraquecida de um velho abajur,
Ao som oco do fogo crepitante na lareira...
Se esgueirando até mim tua sombra sorrateira.
Tudo parece tão errado... Tão fora do lugar.
Eu já disse tantas vezes que ia embora...
E cá estou de volta, aos pés da mesma escada,
aos teus pés... Sem pensar em mais nada!
Depois de ontem... Dos espelhos quebrados...
De vasos e copos voando em direção as paredes;
Dos sonhos saírem pela janela através da vidraça;
É absurdo pensar que num dia tudo se refaça...
Absurdo esse amor, altos e baixos, idas e vindas...
Desisti de tentar entender, dispensei a lógica.
Vivo pisando no inferno e tocando o paraíso...
Me doando sem reservas, ignorando prejuízos.
Mais uma vez... Vou bater na porta, arrependida...
Me pôr nos teus braços, me entregar aos teus beijos...
Crer de novo em contos de fadas, em finais felizes!
Fechar os olhos pro engano, acreditar no que dizes.
Ao apagar das luzes... Ao trancar a porta...
Através da vidraça, ver nossos sonhos todos de volta.
Esquecer as feridas e adormecer soluçante no teu peito,
Amanhecer com a ilusão de um mundo perfeito!