Contentar-me
Contentar-me com teus beijos macios,
Lívidos que jorram da sua boca carente.
Ah, contentar-me de sede e vontade,
Caricias transloucadas, vulcão que berra,
Ansiedade que explode e lança,
Em dois corpos, uma esfera única.
Incendeia, incendeia Vênus minha.
Somos carentes, luas solitárias,
Desertos de ilusões.
Contentar-me nesse momento é em vão,
Contentar-me de ti e de seu calor,
Inútil, inútil e tolo.
Ilumine-me, Vênus minha.
Enlaça-me no teu ventre fruto,
Devora-me na sede de suas caricias.
(Rod.Arcadia)