Ao meu amor, eterno
Vou escrever teu nome no muro branco,
te dedicar um presente raro,
como que num encanto, e tanto
não diferente e de igual tanto caro.
Teu nome em letras grandes, garrafais,
a lembrar dos dias de alegria, aflição e dor
de quando eras minhas em tardes magistrais
entregando-me teu íntimo e teu amor
Um raro momento em que tudo se exprime,
um fio de navalha na esperança que se rompe insana.
Te vi saindo de minhas lembranças, num gesto calmo e que redime
as minhas loucuras, que por ti descerrei, em longos dias de vontade plana
Foram para ti que meus versos ecoaram.
Cantei teus delírios em misturas tantas.
Encerrei meus momentos, que de mim tiraram
as vontades tuas e manias santas.
Eras o meu alimento, meu sol e lua,
meus projetos e o ar que me inundava
deixei a minha história e escrevi a tua
perdido de amor, paixão e mais nada.
Do resto de nós ficou o vazio,
do menor desejo ao maior querer,
a fuga erradia como a chama da vela em seu pavio,
perder os passos por não mais te ter.
Meu mundo em pedaços ruiu,
minha áurea e meu semblante se transformaram.
Eras o resto do que de mim surgiu,
como sendo o belo, o raro e o que mais cantaram.
Meus dias eram embalados em românticas canções,
porções de dádivas, migalhas de sentimentos.
Deixaste a glória de amores e paixões,
pela incerteza de promessas e arrebatamentos.
Te vi sair na escuridão dos dias,
tristes ais, sinas e memórias.
Findou-se o sonho de uma feliz história,
no momento negro em que te despedias.
"Aurora de minha vida", muro branco, rua deserta.
Amor, que de tanto amor morreu.
Exceto pelo sonho de uma vida incerta,
foste tu vida e morte de um afeto meu.