Passeio Noturno
Tu me dás a mão e me convidas
a passear contigo noite adentro
pelos campos floridos e perfumados.
Já é bem tarde. As vozes se calam
e o murmúrio célere da brisa
conduz o balanço das árvores.
Deitamo-nos docilmente lado a lado
sobre a relva úmida de orvalho
e nos dedicamos a espiar a lua
em seu manto de luz azul.
Tu me falas da eternidade do momento
e eu rio. Rio porque não entendo
como algo pode ser eterno e momentâneo.
Levantamo-nos e tu me conduzes de novo
à casa de onde havíamos saído.
Eu entro, mas tu te deténs nos beiras da porta,
sorris amável e desapareces na escuridão.
Penso em chorar tua ausência doída
mas logo me lembro do que disseste
e fico a meditar naquele instante
em que deitamos como crianças
e o mundo parou de girar.