Passeio Noturno

Tu me dás a mão e me convidas

a passear contigo noite adentro

pelos campos floridos e perfumados.

Já é bem tarde. As vozes se calam

e o murmúrio célere da brisa

conduz o balanço das árvores.

Deitamo-nos docilmente lado a lado

sobre a relva úmida de orvalho

e nos dedicamos a espiar a lua

em seu manto de luz azul.

Tu me falas da eternidade do momento

e eu rio. Rio porque não entendo

como algo pode ser eterno e momentâneo.

Levantamo-nos e tu me conduzes de novo

à casa de onde havíamos saído.

Eu entro, mas tu te deténs nos beiras da porta,

sorris amável e desapareces na escuridão.

Penso em chorar tua ausência doída

mas logo me lembro do que disseste

e fico a meditar naquele instante

em que deitamos como crianças

e o mundo parou de girar.

Marcel Gustavo Alvarenga
Enviado por Marcel Gustavo Alvarenga em 12/08/2010
Código do texto: T2433384
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