Não Sinto Sua Falta
Não, não quero encher sua bola ou despejar meus desejos em seus confortáveis braços.
Nem quero dizer que te amo, suplicando sua presença.
Não sinto falta de seu cheiro de neném suado. Sinto falta de um cheiro.
Não sinto falta de sua voz motivadora. Sinto falta de uma voz.
Não sinto falta de seus beijos celestiais. Sinto falta de beijos, que me levem ao céu.
Não sinto falta de seus afagos e abraços tórridos. Sinto falta de tudo isso mais um bocado.
Não sinto falta de sua pele alva e macia. Sinto falta de uma pele, uma pele sobre a minha.
Não sinto falta de suas panturrilhas gordas e tortas. Sinto falta de tortas de batatas gratinadas.
Não sinto falta de seus olhos miúdos como estrelas a brilhar. Sinto falta de olhos, que me fazem acordar no meio da noite só para observá-los.
Não sinto falta de seu cabelo negro e envolvente. Satisfar-me-ia com uma peruca.
Não sinto falta de te amar. Sinto falta de ter alguém para amar.
Não sinto falta de seu sexo esquipático. Sinto falta de sexo: louco, inocente e auspicioso.
Não sinto falta de sua presença onipresente. Sinto-me só mesmo em coletividade.
Espero que nunca leia estes versos, pois não consegui me conter.
Não sinto sua falta. Sinto falta de tudo que pôde me proporcionar.
Como ainda não tive e temo que não tenha alguém para expurgá-la de mim. Digo e repito que não sinto sua falta, até exaurir, na tentativa de me redimir.
Odeio-me por ainda te amar, mas quero deixar bem claro que: NÃO SINTO SUA FALTA!
Infeto é soteropolitano, formado em Administração e com tendências artísticas desde os 14 anos. Julga-se autodidata e ignorante por natureza perante a arte. Possui projetos engavetados e alguns realizados nas áreas literárias (contos, resenhas, críticas, artigos, monografias, poemas, crônicas, livros etc.); teatro e cinema (roteiros de curtas e peças), música, e artes visuais em geral.