Pequena Crônica ao Medo

Quem dera, nós humanos, singulares exemplares de gente, poder passar para as mãos, para a ponta do lápis o que se passa dentro de nós... nas escombrosas, nebulosas nuvens de nossos pensamentos... Poder transpor em palavras essa medonha mistura de sentidos, sentimentos e temores, avassaladores das nossas ébrias lembranças. Mas quem somos para ter a impetuosidade do esquecimento, deste ambíguo filho do tempo que está sempre à nossa espreita, esperando que nos apaixonemos, para assim vizitar-nos de súbita chegada: o Medo!

Ah! Esse covarde imune à tudo, que não assume o mal que nos faz. Chega justo na hora errada. Justo na hora de saltar o abismo... fraquejando-nos uma das pernas para que não alcansemos o outro lado, os outros braços... Covarde, medíocre!!! Faz-nos errar o pulo e cair, cair profundamente. E muitas vezes sem forças para levantar os olhos e contemplar ainda o pequeno círculo de céu que nos resta.

Que amarga se torna a saliva que nos faz engolir à seco, quando seus dedos, frios, tocá-nos na mais profunda ferida, deixando-nos escapar entre os lábios temerosos: -Ah! se eu tivesse tentado!

Que companhia infiel se torna o medo... nem segredos, nem poemas, nem poesias deixa rescitar. Destruidor! Chega justo na hora do Sim... naquela hora abstrata, hora exata em que iria dizer Eu Te Amo...

Viviane Tavares
Enviado por Viviane Tavares em 11/08/2010
Código do texto: T2431239
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