TALVEZ AMAR SEJA ISSO...

Não me avezo à face tua. Estranho

Tua boca polpuda, tuas íris café,

De piscadas preguiçosas, malandras...

Não me aclimato à lascívia desfaçada

De teu calcanhar a roçar-me os pés...

E tua mão desregrada de unhas cinabres

A mascarem-me as pernas, ranhando de viés?

Põe-te, do nada, desnuda, a me lançares à cama,

Murmuras sacanices estonteantes aos ouvidos

Das quais não me habituo, não me aprumo...

Atendo-te, contudo... De tão confuso me sinto

Talvez amar seja só isso.