Apologia
Eu canto a morte não como arremedo
de um espetáculo envolvido em dor.
Eu canto a morte - sem pesar nem medo -
como a mais bela dimensão do amor.
Pois se viver pela pessoa amada
é ir morrendo um pouco todo dia
então morrer é coisa abençoada
quando se doa ao outro co'alegria.
Por isso exalto a natureza humana
que, em decadência, com o pó se irmana
no amor sublime do descanso eterno.
O amor em tudo é peso e é juízo
morrer por ele é ter o paraíso
viver sem ele é padecer o inferno.