Quando “ele” chegou,
Dom Quixote beija-flor
nem percebeu que a flor,
somente num relance,
por ele se apaixonou...
Apenas olhou para os lados,
viu que ela não tinha dono
e, sorrateiramente,
aproximou-se... Finalmente,
por algumas horas descansou.
Ela, ingênua, idealizou.
Falaram do gélido frio,
do tórrido ardente calor.
Trocaram até juras de amor!
De repente, explosão de pólen,
o pássaro beijando a flor!
Ele voltava alguns dias,
falava que o mundo lá fora
era monótono, exaustivo,
não tinha o mesmo sabor,
depois de ter sentido,
o aconchego, o âmago da flor.
Em muitas tardes, ele não vêm,
e a flor em vão se veste.
Abre suas pétalas, logo de manhã,
exala perfume, exala amor.
Olha para o sol, contando as horas,
espera cabisbaixa o beija-flor.
Liberto, visita antigos amores,
talvez não vá nem se lembrar,
tem vários jardins para beijar.
Há plantas de várias cores,
milhares de bocas para provar,
é súdito e rei de outras flores.
Ela, coitada, vive ali enraizada,
não tem como bater asas, alçar voo.
Só fica torcendo pra que não chova,
que não haja vento, nem tormenta.
Pra que ele encontre a turva estrada,
e que ela seja a próxima a ser saciada.
Feliz beija sem flor.
Pobre flor sem beija....