O AMOR NÃO ACORRENTA
Não queria tirar-me do meu mundo silencioso,
Meu coração é tão melindroso que se nega
A sons e ruídos que queira afogá-lo
Em utopia, em alaridos que transtornam
O que de quieto e manso ele tem.
Não queria mexer no que arrumei com tanto cuidado,
Como numa prateleira guardei e enumerei
Coisas que deveria esquecer,
E pensei ter esquecido.
Não me venha dizer que está me trazendo de volta à vida,
Até arrepia pensar no que posso passar,
Não desejo nada que possa fazer mal a você,
Por favor, queira o mesmo para mim,
Não venha por flores onde já enterrei tantos
Sonhos desgostosos, tanto amargo,
Meu coração é muito frágil
E quem o entenderia a não ser Deus?
Não acredito em nada que queira me expor,
Já sofri tanta dor de amor,
Que prefiro viver como se passarinho fosse,
Cantando o que dói em notas extraídas
De uma vida de luta,
E seu canto é tão lindo que ninguém
Sabe quando é triste, de tão sincero
Que sopra sua dor.
Vivo aqui como se num piscar de olhos fosse partir,
Não exija de mim o que não prometi,
Pode até existir, mas é algo vago,
Não tem conteúdo, partindo do princípio
Que só geraria dores...
Prefiro estar com Deus, em oração,
Não quero dar ouvidos ao meu coração,
Prefiro a razão, a seriedade que leva-me
A viver corretamente
Do que viver uma fantasia
Que me acorrente.
Sou livre! Não quero algemas em nome do “amor”,
Não quero prazeres as custas de lágrimas alheias,
Quero ser para Deus inteira,
Viver em Espírito e em Verdade
Até chegar o dia de morar na Nova Cidade.