AMOR DE PAI
Sentado na cadeira de balanço
Esquálidas feições se embaraçam no tempo.
Prata no cabelo, ouro no coração,
As mãos já calmas só servem as bênçãos.
Sentado na cadeira de balanço
Seu rosto se repõe no passado,
Enquanto o olhar perdido se encontra
No afeto dos filhos – estribilho
Que a vida oferta pela porta aberta do coração.
Passos lentos, lá vai ele contando os dias
Mas que dias está querendo contar?
Certamente contando sonhos
Que na mocidade não quis sonhar.
Certamente contando cédulas de afeto
Para o neto que vai chegar!
Certamente contando estrelas
Pedindo-lhes pra lhe esperar!
Sentado na cadeira de balanço
Diverte-se olhando as nuvens
Como se da vida não sobrasse ranço:
Cantarola, solfeja um verso baixinho e
Seus desertos se consolam
No escopo dos seus carinhos.
Barba feita todo dia,
O rosto sulcado se refaz
Até que o dia seja noite
E encante o amor do pai.
CARLOS SENA,
06.08.10.
SEU PAI ESTÁ SENTADO AQUI. VOCÊ NÃO VÊ PORQUE SÓ OS OLHOS DO CORAÇÃO ENXERGAM AS PESSOAS QUE AMAMOS.