Soneto - O caminho do guerreiro
O semba é bom! O café é amargo, e o pito; é pigarreio!
A casa grande... É perto!... Mas, sendo perto, é distante do terreiro,
A senzala é aqui, onde estou, e tenho paciência! Sou guerreiro!
Sou faceiro, negro ligeiro, amarrado, sem amarras; sou certeiro!
Não tem dor, que o calor do meu amor não cale ligeiro,
Não tem carência do homem que orixá não saiba o roteiro
Sou obreiro, tenho necessidade, mas não tenho desejo rasteiro.
E o açoite que sofro, não quebra minha cerviz; não sou forasteiro!
Das coisas que não sei, não falo; e pelo que sei; no mundo, tenho telheiro!
Do pouco que sei; não falo o que antes já falei n’um verso verdadeiro!
Sou assim; o que queres tua vidência. Sou pobre; sou negro; sou passageiro!
E lhe digo; já passei pro lado de cá (da tua consciência) e nela proseio de alheio,
Tu me escutas, e se faz pergunta, eu lhe respondo, lhe propondo n’um gorjeio
Amar e perdoar; se fores capaz, faz outra rima, que te exprima, na lida do guerreiro!
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** Semba - umbigada em quimbundo ("língua de Angola"). - No Brasil, samba de roda, executada n'uma forma ritual em que homens e mulheres participam n'uma formação circular com instrumentação musical variada, o homem é a figura musicista e a mulher a sambista, que executa a dança no meio da roda, convidando com uma umbigada a próxima dançarina é dança marcante na Bahia!
Imagem: Baixei do Google. É uma criança, das Africanas... Abandonadas a própria sorte, n'um país em guerra civil.
Nestes tempos brasileiros, onde se discute cotas e bolsas (se é justo ou injusto). Eu olho em direção ao povo brasileiro e percebo (com tristeza) que muito há a ser feito, para brancos, negros, mulatos, pardos, vermelhos (os nativos) e muito mais; deverá ser feito para o ser humano brasileiro ou estrangeiro.
Sendo eu resultado da conjunção carnal de meu pai branco; filho de um português com uma italiana e de minha mãe negra; filha de uma branca com um negro. Sei que toda gente é resultado de um amor maior e que raça define caracteres genéticos e não índole.
Em se tratando de memória histórica! Não posso deixar de olhar para a formação da nação brasileira, que sabemos é resultante da imigração voluntária ou escrava e que os escravos (negros) foram após a escravidão abandonados a própria miséria social e intelectual, que já amargavam. Os reflexos estão na maioria da população negra vivendo em favelas, mantidas em carceragens desumanas, trabalhando em subempregos, tendo sua cultura vista como cultura inferior e seus credos religiosos, sendo alvo de risos e escárnios na mídia televisiva, ao ponto do próprio negro negar sua ascendência!
O semba é bom! O café é amargo, e o pito; é pigarreio!
A casa grande... É perto!... Mas, sendo perto, é distante do terreiro,
A senzala é aqui, onde estou, e tenho paciência! Sou guerreiro!
Sou faceiro, negro ligeiro, amarrado, sem amarras; sou certeiro!
Não tem dor, que o calor do meu amor não cale ligeiro,
Não tem carência do homem que orixá não saiba o roteiro
Sou obreiro, tenho necessidade, mas não tenho desejo rasteiro.
E o açoite que sofro, não quebra minha cerviz; não sou forasteiro!
Das coisas que não sei, não falo; e pelo que sei; no mundo, tenho telheiro!
Do pouco que sei; não falo o que antes já falei n’um verso verdadeiro!
Sou assim; o que queres tua vidência. Sou pobre; sou negro; sou passageiro!
E lhe digo; já passei pro lado de cá (da tua consciência) e nela proseio de alheio,
Tu me escutas, e se faz pergunta, eu lhe respondo, lhe propondo n’um gorjeio
Amar e perdoar; se fores capaz, faz outra rima, que te exprima, na lida do guerreiro!
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** Semba - umbigada em quimbundo ("língua de Angola"). - No Brasil, samba de roda, executada n'uma forma ritual em que homens e mulheres participam n'uma formação circular com instrumentação musical variada, o homem é a figura musicista e a mulher a sambista, que executa a dança no meio da roda, convidando com uma umbigada a próxima dançarina é dança marcante na Bahia!
Imagem: Baixei do Google. É uma criança, das Africanas... Abandonadas a própria sorte, n'um país em guerra civil.
Nestes tempos brasileiros, onde se discute cotas e bolsas (se é justo ou injusto). Eu olho em direção ao povo brasileiro e percebo (com tristeza) que muito há a ser feito, para brancos, negros, mulatos, pardos, vermelhos (os nativos) e muito mais; deverá ser feito para o ser humano brasileiro ou estrangeiro.
Sendo eu resultado da conjunção carnal de meu pai branco; filho de um português com uma italiana e de minha mãe negra; filha de uma branca com um negro. Sei que toda gente é resultado de um amor maior e que raça define caracteres genéticos e não índole.
Em se tratando de memória histórica! Não posso deixar de olhar para a formação da nação brasileira, que sabemos é resultante da imigração voluntária ou escrava e que os escravos (negros) foram após a escravidão abandonados a própria miséria social e intelectual, que já amargavam. Os reflexos estão na maioria da população negra vivendo em favelas, mantidas em carceragens desumanas, trabalhando em subempregos, tendo sua cultura vista como cultura inferior e seus credos religiosos, sendo alvo de risos e escárnios na mídia televisiva, ao ponto do próprio negro negar sua ascendência!