Lírio Amoroso
Lírio Amoroso
Não me deixes ao abandono sozinha jamais,
qu'esta fagulha ensolarada é grande demais
a toda esta ânsia louca que a tua se somou,
mais aflita me fez e com o amor comungou!
Todo meu ser perfumou e essência imantou,
a ponto de sermos sombra única de dois sóis
ricos,distantes,fincados por eternos anzóis,
que por nada apagaram outrora nem depois!
Amor, não me faças da solitude companheira
após tant’esperar desde a remota primavera,
quand'uma última lágrima agridoce escorrida
meu amor fecundou e brotou junto à ermida!
Oh,imensidão de águas turquesadas batendo,
cujo murmurar eloqüente deveras me assusta
feito sentença inexorável no palor do mundo,
oco,suplicante de ti,sem o amor que resista!
Meus pensamentos constelam a noite afora
em tua busca com mesmo candor qu’outrora
inflamava meu peito esperançado e doente,
dulcíssima candeia dum pulsar permanente!
Teus cheiros no raiar da aurora!Oh,delírio!
ensandecendo tantos vazios cheios de mim,
cato os meus cacos transfigurados num lírio
perene, meigo, doce e invento meu jardim!
Tão robusto é o meu amor que nele cabem
todos os teus temores lesionados no tempo,
excessivo fica e lota o mais longínquo além
da pureza e da placidez oriundas d’Olimpo!
"Inspiração do muso recantista"
Santos-SP-16/09/2006