QUANDO VOLTARES
QUANDO VOLTARES
J.B.Xvier
Deita-te assim sobre os meus sonhos, vem,
E deixa-me esquecer os meus tormentos, além
Do horizonte repousa a nuvem que nos servirá de leito...
Vem, e te aninhes nos doces encantamentos das quimeras
Que por ti acalentei em forma de eternas esperas...
Vem, que teu altar em minha alma há muito já está feito...
Repousa da árdua caminhada em que te atiraste
Acalma-te dos sustos e ameaças pelas quais passaste
Em tua caminhada em direção às fantasias...
Descansa, porque meus abraços serão tuas fortalezas,
E neles expulsarás tuas dúvidas, que se farão certezas
A construir os mais luminosos dos teus dias...
Abandona tuas dores, ameniza tua busca,
Pois o sol, que nos dá vida e alegria, também ofusca
Quem olhar em demasia para ele...
Acalma tuas agonias, abranda o teu andar
E aspira o doce perfume da manhã, a orvalhar
Porque o amor devolve em alegria a confiança nele...
E ao chegares, deixa-me então te absorver a essência
Pois esperei com infinita paciência
Pelo momento de te envolver com meu abraço,
E mesmo quando meu coração vagava pelo infinito incerto,
Jamais deixou de te seguir muito de perto,
Na esperança de voltar a te abrigar em meu regaço...
Quando chegares, caminha docemente pelo meu universo,
E no oceano de teu mundo permanecerei submerso
No contentamento de saber que voltaste a ser minha amada...
Ao chegares, portanto, deita-te assim, sobre meu sonho,
Não, não fales nada, basta-me olhar em teu olhar risonho
Para saber que voltei a ser tua morada...
* * *