“R”

Tenho um amor de folhetim.
Amor de Julieta, de Evita,
de Anita, de tantas outras
protagonistas femininas.
Mas todas elas, bem sei,
não tiveram um final feliz.
Concluo: puxa que bom!
O meu não será por exclusão,
por isso sorrio quase infeliz.
Não queria um amor qualquer
quadrado, com final previsível,
escrito em pergaminho.
Daqueles que se raspam
e se reescrevem...
Fui atendida, mas amo sozinha!
Ele veio em formato de triângulo
bem estreitinho...Com rabiscos.
Não poder enviar carta com nome
já é o nosso grande castigo.
Simplesmente escrevê- las,
é o bastante pra mim.
Um dia, elas também ficarão no museu,
iguais às cartas de Exupery.
E vão se perguntar:
“Pra quem será que ela escreveu?
Vejam! - dirão os curiosos -
tem a letra ‘R’ no começo e no fim!”
Tolos! - direi eu -
A letra “R” é porque enderecei
a carta duas vezes pra mim!
“R”
Railda
Enviado por Railda em 03/08/2010
Reeditado em 26/07/2013
Código do texto: T2416661
Classificação de conteúdo: seguro