ACALANTO - A TUA VOZ

A tua voz em mim,
Mesmo quando calas,
Não é acalento
É sinfonia de palavras.
A voz que me mima
A voz que me desperta
É canto qual manto
Que reveste e aquece.
É instrumento brando,
De sonoras linguagens,
Tatibitate,
Desvendar da minha alma
As mais lindas viagens.
Se antes eu a ti indagava
Por que de tantos porquês,
É que eu ainda não sabia
Nem tão pouco imaginava
Que decerto, em um tempo,
Deus, tangedor, do céu conjugara,
Um verbo diferente
Que ao homem ocultava.
E na Terra, nós, pobres viventes,
Ignorantes e impacientes
De tudo procurávamos
Sem sabermos que há um propósito
Em tudo que Deus criara.
Nasceu você,
Nasci eu,
E o tempo e as conjugações,
As junções e as fusões,
Em tormentas e confusões,
Em suplício de Tântalo,
Aos ouvidos cerraram
Aos olhos cegaram.
E o que de tão simples era
Já não se mostrava
Que Acalanto é não propor
É dar,
É Dádiva.
É instrumento de sopro
Cujo som não se distingue ou propaga,
Nem simplesmente se define
Com uma só palavra.
O Amor é assim:
Não aquieta, não passa, nem cala,
Mas canta como um coro celeste
Acalanto, estado de Graça.


Brasília 14/11/2004