Velejar
Meu cérebro pede arrego
Não há margens serenas
Nem mares de sossego
Pra lançar-me às caravelas
Na solidão do infinito
O céu leve, negro, bonito!
Estrelas distantes como as vejo
O vinho recorda-me teu beijo
O arrebol de cores no amanhecer
Repetir-se vai ao entardecer
Como o avesso de nosso sentir
Esperando tudo o que há de vir...
O tempo congelado como cristais
Estamos feito imãs juntos por pólos iguais
Tão próximos em alma e separados em corpo
Caravelas ao mar revoltoso afastadas do porto
Estico a coluna cervical
Estalos de conforto desigual
Ao que se passa ao emocional
Desigualdade desleal!
Não tenho culpa dos teus grilos
E atravesso os seus planos
Pra soprar no teu ouvido
Um assombroso:”eu te amo!”
No mar da vida, velejo ao além do mais além!