Na vida, a coisa é toda certa e medida,
Não tem voz não tem pedida;
Água caída de cima é chuva ou foi cuspida.
A vida é assim mesmo, sofrida!
Sofrimento terá; quem não sofrer de dor dorida
Vendo que n’outro a dor traspassa o comum da ferida!
Da lida de quem aprende à xucrisse do jumento;
Vai uma distância que é uma légua sem medida,
No chão que piso, meu pisar tem proveito?
Ou vou passar pela vida, pisando feito bicho de cabresto?
Que não pisa senão no chão do patrão satisfeito
Que lhe diz do comer e do beber, e lhe da guia até a dor e o lamento!
Uns versos é coisa pouca! Coisa muita: É lágrima
De alegria satisfeita por um beijo de gratidão,
É mão estendida com sofreguidão, dando rumo certo para o perdão!