LOUCURA DE AMOR
Guida Linhares

Nosso cavalo selvagem antes adormecido,
acorda do seu sono de cem anos de solidão,
quando escuta ecoar a trombeta do desejo,
e a libido aflora na impetuosidade do id.

Garboso animal de músculos fortes,
indomado, de vasta cabeleira branca,
a cascatear livre e ondulante ao vento.
Ergue o seu corpo reverenciando a hora.

Parte em disparada pelo cósmico éter,
carregando na sela a desejosa amante,
e nada nem ninguém conseguirá deter
sua ânsia, em acelerado ritmo doravante.

Luta o superego em ultima instância,
pelo imediato domínio e posse da razão.
Mas são tantos os vazios e a carência.
Impossível conter o momento da paixão.

Batendo os cascos, a cauda sacudindo,
as chamas consomem o fogoso animal.
Loucura de amor. O ego não mais resistindo
se entrega ao gozo em profano e sagrado ritual.

Santos/SP/Brasil
Maio/2010

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