Poema 0810 - Deusa da solidão
Deixem que a deusa chore pelos teus amores,
faça asas com os teus ontens e voe,
mesmo cega pela vaidade, vá e viva,
um dia encontrará a morte, ela não vem com a felicidade.
Rasgue tua capa de rainha, jogue teu cedro, tua coroa,
teu sangue impuro, como se vinho, derrame pelas frestas,
teu corpo é vazio, como o copo que leva a boca,
o beijo é falso e espalha por entre dentes raivosos.
Ame a lama do que é feito teu corpo vil, seja cometa,
arraste-se pelo espaço, fure o ar que mal respira,
voe até algum céu que te mereça,
conheça à realidade dos justos e só então sonhe.
Voltarei outra noite que não esteja feliz,
abraçarei teus lados, teus e meus desejos,
com a pureza do amor que carrego espantarei as dores,
beijarei todas as dobras da pele que envolve o prazer.
Por hoje, esconda debaixo do meu corpo apaixonado,
dou-lhe luz, dou-lhe alma, em troca me doe amor,
o mesmo que não tinhas na solidão dos teus amores,
não negue, não sejamos hipócritas, não mais esta noite.
14/09/2006