Tordesillas

O frio e o cinza do céu invadiram minha alma,
Minhas mãos não se quedam tranqüilas.
Passeio pelas ruas, sozinha, calada...
Ouço vozes que não me dizem nada,
Vejo rostos que não me apetecem
Vejo paisagens que outrora me faziam bem
Sinto no rosto o cortar fino da lâmina do vento.
Meus cabelos se embaraçam junto com meus pensamentos.

Meu corpo sente falta de algo
Uma falta que não se supre com coisas materiais
Uma ausência de não sei o quê ou quem.
Cálido corpo inerte ao vento algoz
Decepadas minhas ilusões ficam distantes.

Queria meus olhos fitar o mar
Sentir o céu e o sol aquecerem minha pele
Meu espírito que em mim se impacienta...
Mas não vejo o mar.

Ao longe vejo aves alçarem vôos a preparar ninhos.
Cegonhas enormes em torres tão altas,
Igrejas seculares que fizeram história,
Derrubaram reis, ergueram tantos outros.

Onde estará o infante que me livrará da masmorra?
Onde estará aquele que me possa conhecer,
E torna-me uma mulher?
Estará este descansando em braços alheios
Estará a distâncias infindáveis...

Onde está o tratado que me fará parte dele?
Onde será celebrado o nosso ponto de convergência?
Onde estou?
Onde estás?
Tordesilhas
Dor de islas
Dor...


España 14/05/2004