EU AZULEJEI VOCÊ

Eu azulejei você...
De forma avulsa, intrusa, difusa...
E que parafusa a mente sem doer.

Eu azulejei você...
Feito simbiose crônica
Em ondas harmônicas.

Eu azulejei você...
Como bandanas de múmias
No sarcófago corpóreo.

Eu azulejei você...
Sem bigamia sentimental
Sem espírito paternal
Em meio a cio animal.

Eu azulejei você...
Como o reflexo ao narciso no seu bem-querer
Como um mito que preciso ser bendito pra crer.
Como a certeza de uma mãe ao perder o filho
Grita ao infinito seu medo por não mais ver.

Eu azulejei você...
Como pagãos ao ídolo em ritos de adoração
Tipo absolvição para um réu em condenação
Feito pão pro mendigo que esmola ao alvorecer.

Eu azulejei você...
Tipo num emparedamento vivo
Como castigo pra morrer no vício.
E apesar desse azulejar todo num edifício
Hoje, eu sigo conciso, sem brilho, sem você.
Sim, de fato eu azulejei você.
Você, eu azulejei...
Hoje, é apenas isso que sei.
Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 24/07/2010
Código do texto: T2397840
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