Quartinho de Porão

Não me venha com papo furado

De vestido rodado

Ou farpas de botequim.

Mas não saia de perto de mim

E quando se fores

Mande-me uma carta

E diga que sim.

E se encontrar Margarida

Dê-lhe lembranças

E peças pra vir.

Mas diga pra vir de pressa

Pois todo dia a espero

Perto das cinco,

Naquele mesmo botequim.

Tragas o Antonio, seu filho mais velho

O Francisco, o Paulo, o Moreno e o Alfredin.

Diga que todos serão bem vindos

Porque quando tu vir, e ela e eles estarão

Te arrumarei um quartinho

Bem no fundinho

Perto do porão.

Sairei de mansinho

Devagarzinho

Descerei as escadas

Em pleno silencio

da madrugada

terminarei a noite contigo

naquele quartinho, bem no fundinho, perto do porão.

Não poderás gritar, nem gemer, nem uivar

Fique daquele jeitinho

Que eu te encontrei no barzinho

no botequim.

Enquanto tomava cerveja, fumava cigarro, e ria pra mim

E eu ali, mesmo longe,

Num cantinho sozinho

Estava tão perto, de tudo, de ti

E de mim.