A carta
Escrevi uma carta de amor
vazada em palavras singelas,
cristalinas como lágrimas de anjos
- se aos anjos fosse dado o dom do pranto.
Selei-a com uma pétala de rosa vermelha,
perfumei-a com aromas de flores de mata virgem,
postei-a no correio para a mulher amada  
e quedei-me a esperar resposta.
Passam-se as horas, correm os dias,
voa a esperança nas asas da desventura,
pois a resposta não vem...
Meu coração palpita
trinam os pássaros em horários impróprios,
mas seus trinados já não me reconfortam.
Pensamentos obtusos me assaltam,
pesadelos atrozes me perturbam
observo a cidade vazia,
mas a resposta não vem...

Até que lá um belo dia
ao mirar a rua deserta,
um vulto, ao dobrar na esquina
alegrou meu coração combalido:
Era, enfim, o carteiro chegando,.
portando o mesmo envelope
selado com uma pétala de rosa vermelha
murcha e desbotada, para me entregar.
No anverso, em carimbo do correio,
bem visível estava escrito:
Ao remetente
Motivo:
Endereço desconhecido.
 
 
 
 


Vinícius Lena
Enviado por Vinícius Lena em 23/07/2010
Reeditado em 28/07/2010
Código do texto: T2394800