Sobre os cantos dessa casa

Preciso que dessa vez seja pra sempre

Que essa água mate a sede que há muito resseca minha alma

Preciso que esse beijo guarde meus lábios

Para carregar aquilo que em sonho derrete as lembranças acordadas

Preciso que tuas mãos me digam a intensidade desse amor

Para que junto eu me afaste da Terra sem sentir-me longe

Preciso que a tua voz se espalhe pelos cantos que em mim vazios se encontram

Na esperança que floresce um sorriso que imprime cores de doce primavera

Preciso que me arraste para teus oceanos

Para que deságüe toda a tristeza escrita em meu coração

Preciso que levante a minha calma, que subas como quem procura estrelas perdidas

Preciso que me abra e se instale, preciso que se sinta bem vinda

Preciso que não fales nada, preciso que me diga tudo

Para que o silêncio desse olhar ancore no porto da minha emoção

Preciso que leia aquele que em ti encontra a inspiração para obedecer essa nova ordem

Descendo em ritmo constrangido para além do abstrato

Preciso dessa cisma e ciúme, preciso desse jogo e desse azar

Preciso que me ocorra e me socorra quando tudo se encontrar com a solidão

Preciso desse beijo e combustível que me enterra em profunda ostentação

Preciso que pare e pense

Para que tudo que preciso ser faça ver em um só olhar.