Contraste
Tranquilo agora meu coração fecha as comportas
do gozo que antes pelo meu corpo tremia.
Descansa espalmada sua mão por minhas costas
provocando arrepios que há muito não sentia.
De beijos essa negra boca a pele branca acaricia
sentindo as pernas definitivamente mortas.
Enegrece minha cabeça, completamente vazia,
da brancura do seu amor que arromba minhas forças.
Impera com seu mastro como Rei o meu corpo,
como macho mandante que a fêmea devora.
Seu hálito sussurra pequenas frases em meu rosto
- Sempre fui seu, e você minha é. Agora!
E o tempo que torturou cada batida de hora
do coração, nos dá ao menos esse consolo:
que se calem os instantes da longa demora
e que pela eternidade eu durma em seu dorso.
Não há medo enquanto permaneço nua
debaixo do seu corpo negro, escarlate.
Brandamente branca aceito que sou sua.
Aceito o resgate. Contraste.