DESCONHECIDO


Quem dera fosse fugaz meu interesse,
e esse meu sonho fosse uma quimera.
Quem dera fosse outro amor no lugar desse,
desabrochasse noutra primavera.
Ah, noites e mais noites que eu padeço,
posto que sou assim: entrego a alma!
Mergulho de cabeça, corpo inteiro,
permito que me virem pelo avesso.
E quando perco o sono e até a calma,
por vezes, confesso que receio,
que ao desvendar todos os seus mistérios,
eu possa finalmente descobrir-te,
e de súbito, perceber que o desconheço!


Foto: Angela Ramalho
Por do sol visto da janela do meu escritório.