O QUE PODE NOS UNIR
Algum amor pode transpor a distância de um continente?
O vazio do mundo pode ser vencido por meu coração?
O amor é mais do que amar alguém que nos ama?
Ser amado, não ser amado, isto faz diferença?
Amar aquela a quem se ama dá, por certo, mais prazer.
Ser lembrado por querer ou esquecido sem razão de ser
Não é, por mero acaso, pura questão de sentimento?
Ir, voltar e ter bem certo onde ou em quem chegar, prá que?
Naquele lugar, o recanto para onde indica o coração.
O som do meu peito indica teus olhos
– Onde quero ir e desejo sempre estar;
Onde meus sonhos ficam a flutuar no anil,
O norte do meu amor, do meu sonho feliz.
Para sempre o centro de toda razão do coração.
Onde tu estás é o canto onde quero me aconchegar;
É para onde, após a saudade, voltarei a cada tarde;
Onde nunca mais terei saudade da felicidade,
Pois em todos os meus dias estarei lá, sendo feliz.
Porque descobri que ter saudade ou lembrar de um sorriso
é simplesmente, sem errar, o mesmo que sofrer e chorar,
Mas estar com quem se ama é curar as dores da saudade.
Pensar em alguém de quem se gosta sem poder se ver;
Ouvir aquela de quem se ama falar, mas se está distante,
É muito querer a luz na escuridão.
De nada disto pode brotar, mesmo que pálido, um sorriso.
Ser feliz é outra coisa, que tento definir em frases:
É sonhar com quem se pode compartilhar sonhos infantis,
Doar pacotes de sonhos em troca de realidades,
Falar daquilo que o outro fala e sorrir simplesmente,
Sorrir daquilo que os dois querem sorrir e também da dor,
Gracejar da miséria da vida e da turbulência do mundo,
Ser dois num coração que bate amor a qualquer segundo,
Comer a dois a mesma fruta que o amor anseia provar.
Serei feliz quando estiver em teu acalento a te dar meu ser;
Quando beijar teus doces lábios, que meus lábios vão beijar
E provar o mesmo gosto doce da felicidade e do mel;
Quando estiver contigo em cada curva e sorver até o mesmo fel,
Quando chorar o mesmo pranto e suportar a mesma dor,
Mas sorrir no fim das tempestades e te amar ao findar das batalhas.
Este poema fiz em 2003 em homenagem a Vanda, uma pessoa maravilhosa que vio do Acre me visitar em Porto Alegre durante o Forum Social Mundial.
Wilson Amaral