Eu não posso…

Amar

Nem dever ser amado

Devido às partes genéticas do meu ser

À minha forma de estar

No qual estarei para sempre enredado

Porque ninguém pode ser amado

Se não é percebido

Nem se deixa perceber

E eu não consigo

Que me entendam

Todas as pessoas

Gostam do vento

Mas não o amam

Porque o vento

Tanto está aqui

Como em qualquer outro lugar…

Sim…

Ando sempre dessincronizado

Do mundo

Das pessoas

Onde está a latitude delas

Anda noutro lugar

A minha atitude genética

A minha tão própria

Forma de ser

Forma de estar…

Amo tudo

Com uma intensidade premente

Como se o mundo fosse acabar

Daqui a uns segundos

E eu todos os momentos

Quero aproveitar…

Mas ao mesmo tempo

Estou sempre além

Amo

Mas estou aquém

Desse amor

Amo

Mas desperdiço o meu afecto

Enredado nas teias

De mil e um sentires

Mil e uma prisões

Pois se acho que o amor me vai salvar

Também acho

Que será ele

Que me irá condenar

E assim

Devo ficar só

A contemplar

Uma noite de estrelas

Uma bela madrugada

Devo ficar só

Porque essa pessoa teria comigo tudo

E ao mesmo tempo

Teria nada

Nada

Nada…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 19/07/2010
Código do texto: T2386369
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