Eu não posso…
Amar
Nem dever ser amado
Devido às partes genéticas do meu ser
À minha forma de estar
No qual estarei para sempre enredado
Porque ninguém pode ser amado
Se não é percebido
Nem se deixa perceber
E eu não consigo
Que me entendam
Todas as pessoas
Gostam do vento
Mas não o amam
Porque o vento
Tanto está aqui
Como em qualquer outro lugar…
Sim…
Ando sempre dessincronizado
Do mundo
Das pessoas
Onde está a latitude delas
Anda noutro lugar
A minha atitude genética
A minha tão própria
Forma de ser
Forma de estar…
Amo tudo
Com uma intensidade premente
Como se o mundo fosse acabar
Daqui a uns segundos
E eu todos os momentos
Quero aproveitar…
Mas ao mesmo tempo
Estou sempre além
Amo
Mas estou aquém
Desse amor
Amo
Mas desperdiço o meu afecto
Enredado nas teias
De mil e um sentires
Mil e uma prisões
Pois se acho que o amor me vai salvar
Também acho
Que será ele
Que me irá condenar
E assim
Devo ficar só
A contemplar
Uma noite de estrelas
Uma bela madrugada
Devo ficar só
Porque essa pessoa teria comigo tudo
E ao mesmo tempo
Teria nada
Nada
Nada…