POEMA VIRTUAL
Peixe grelhado, pudim de ameixa
Eu arrumo a mesa
Você, lava a louça
Hoje eu quero viver tudo
Porque nunca mais
Eu viverei hoje
Nem verei você
Penso em Clara
Nesse pensamento, amo você
(No chão da cozinha)
E digo versos, que escrevi pra ela
Celebro, este amor, com tanta clareza
Que talvez o hoje desista de ir
E o amanhã nunca chegue
Nem traga Clara
Sem saber, escrevi um poema
Enquanto você fazia a janta
Poderia dizer que é pra você
Mas foi pra ela
Outra vez
Amanhã
(Se amanhã existir)
Quando Clara voltar
Você não existiu
Hoje, não existiu
Este poema não existe
Apenas Clara existe
Ah, a poesia também!
S. Paulo, 12/09/1997
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