Na sombra da noite
Cai a noite, silenciosa e sombria
Da minha janela fico a contemplar
Os rumores de uma triste noite fria
Com olhos marejados, alivio meu chorar.
Ao ouvir um piano ao longe a ilustrar
Qual divino encanto, toque em maestria
Abrigo sereno d’algum coração apaixonado
Que se desdobra, triste, enamorado
Como a chamar, em melodia, seu ser amado
Como uma prece de ternura e devoção.
Oh ! maestro triste em noite enluarada
Encanta-me em perfeita harmonia
Sem saber que sou eu a sua incógnita amada
Debruço-me para beber todo aquele som
Me delicio, me embriago em mais um tom.
Fonte, onde me abasteço para redigir
Poemas de amor para ti endereçados.
Cantas nas ocultas sombras da noite
Roubo de ti toda emoção do teu cantar
Em silencio, sem afoite
Mais um poema e uma rubra rosa
Em tua janela irei deixar.