A Arte Do Amor
( POESIA RECITADA H003 ).
Contrai-se no vai e vem cotidiano,
Qual maré mansa que se derrama,
E volta para reinos embebidos de mistérios.
E sobe tal qual uma pena, elevada pelo vento...
Tragada e envolta pelos laços do tempo,
Surgida de crepúsculos sintomas dos idos,
Emanada aos sons dos gemidos e coros do futuro.
É arte minuciosa de contrastes,
Escondidos em pontos invisíveis na tela,
Da imensidão profunda do Universo,
No qual se espelha a fortaleza celeste.
Se ainda compará-la a uma célula minúscula,
Rabiscando estruturas de um integro,
Em sequências abundantes sem percas,
Será indefinível evidenciar tal emoção poderosa...
É singular sentimento honroso,
Que alivia as correntes profanas,
Geradora de batalha e Esperança,
Que se estendem sobre obstáculos,
Bordando caminhos vacilantes,
Numa rede, fazendo cerco completo.
Destrutiva qual insônia lenta,
Marcante qual saudade sem volta,
Chorosa qual conta-gotas do adeus,
Irreversível qual um giro de 360º,
Arrepiante qual um castelo assombrado,
Vacilante como o olhar da tartaruga...
Ela é morosa... fecunda, pois constrói,
Supera... se enreda..., mas vai...
Cai... se levanta... tonteia..., mas chega...
Fortalece... enfraquece..., mas é topo...
Escorrega... se perde..., mas é visível...
Pelo algo que a reclama e a vigora...
Desvia-se... distancia-se..., mas não tarda,
Acordam-na... orientam-na... o algo Deus!...
É um nada qual o mundo do nada que é tudo...
É uma esfera circulante que gira por nós,
Mas intocável como as sombras nas águas...
É envolvente como uma madrugada pesada...
É ânsia louca do: deixa pra lá, desapareça,
Com a dose dupla do: chega mais perto, me aqueça...
É o repúdio ao mesmo tempo que a Saudade,
É aurora marcante, como o pôr que se apaga,
Impalpável como o vento brando ou tempestuoso,
Calma como o orvalho e a brisa da manhã,
Calva como um deserto infecundo,
Se apagada por lapso esquecimento,
Saliente como um sol dominante,
Se afagada como uma criança inocente.
Transbordante como fonte vertiginosa,
Que transpassa além de suas voltas,
Trepadeira como folhagens audaciosas,
Que aspiram por dependências distantes...
No seio deste evolutivo mistério.
Assento-me e a deixo dominar-me.
Ser frágil ou convicção lógica,
Seja o que for, este tema dedico.
Porque se não a decifro, não a soluciono,
E a sinto envolver-me num todo,
Será porque palavras e palavras virão,
Sempre querendo mais... mais e mais.
E se não fosse por isto, não haveria a Vida,
Não haveria a Esperança... perseverança...
São tantos que com ela e por ela, lutam:
A arte magnífica e dominante do Amor!...