Divagações no Quarto
Por que a vida tem que ser desta maneira?
É o preço que pagamos
Só para viver outro dia?
Eu me arrepio e tremo pelo calor e frio.
Estou sozinho comigo mesmo,
Em cada erro eu cavo esse buraco através da minha fé paralítica,
É mais difícil recomeçar do que nunca ter mudado?
A dor, ela vem em ondas liquidamente sonoras,
Estou recebendo de volta o que dei?
Eu suo pelo lençol enquanto à luz do dia desaparece,
Como eu desperdiço minha vida por seres tão sem vida,
Isso me prende dentro pelos erros que cometi,
Esse é o preço que pago?
E as minhas feridas não cicatrizam nunca,
Eu estou preso entre meus pais,
Eu gostaria de ter alguém para conversar.
Alguém que eu pudesse confiar todos os rios verbais que jorram dentro de mim,
Eu só quero saber a verdade,
Mesmo que eu passasse o resto de minha vida no auto-exílio da melancolia.
Eu choro dia e noite agora:
_ O que há de errado comigo?
Eu não consigo lutar agora
Eu me sinto como um arco-íris se desbotando num ceú rachado de ilusões.
É uma sensação desassossegante ficar sozinho,
Quando a pessoa que mais se ama está tão longe...
Penetrando em si mesmo,
Chorando por si mesmo,
viver em um família desunida que não te conhece inteiramente,
eles só veem a superfície das coisas, dos fatos, das palavras, e de mim mesmo.
A depressão insere suas agulhas pelas veias de minha alma,
como o fogo fundindo novos seres humanos para a colônia simiesca.
Minha dor engarrafada prestes a explodir como uma arma,
A História com suas cachoeiras de omissões e mentiras,
E você não pode mais suportar a si mesmo...
Palavras sangrando corações com tanta violência,
o silêncio rompido pelos gritos de uma garota estuprada pelo próprio tio,
uma criança degolada e com uma bomba no intestino costurada,
e tantas perguntas e teorias rindo de nosso cérebro,
tudo vem colidir em minha alma tão sensível,
E eu caio de joelhos ao chão com o rosto entre mãos,
E choro porque minhas lágrimas não modificam o caos desse mundo.
Juramentos são feitos para serem quebrados?
Porém nossos sentimentos são tão intensos meu amor.
Palavras são triviais diante do que o nosso olhar
transmite silenciosamente uma ao outro...
Prazeres permanecem juntamente com a dor,
Palavras são sem sentido perante o âmago intocável de cada ser,
Tão esquecível se torna o que é crido como essencial.
Um quebra-cabeça com uma peça que sempre está faltando: eis a vida!
Eu odeio o que estou me tornando...
Eu me odeio por não estar lá quando tua alma gritava,
e ninguém ouvia e nem percebia nada.
Eu juro que te amo de todo o meu coração, Me ensina como viver meu amor, não deixe que meus olhos se fechem eternamente antes de
afagar o revérbero de teu rosto meu amor.
Gilliard Alves