A FILHA DA COSTUREIRA

A MINHA GARGANTA DEU UM NÓ
QUANDO O GALO CARIJÓ
CANTOU LÁ NO POLEIRO
A BARRA DO DIA CLAREANDO
E EU PRO CANTO VIRANDO
PRA MAIS UM SONO TROPEIRO

MAIS AÍ OS ACORDES DO VIOLÃO
NOS DEDOS DO CHICO RAMÃO
TOCANDO AO REDOR DO FOGO
NA FAZENDA DO DESIDÉRIO
EU VI QUE O TRABALHO ERA SÉRIO
E NÃO SE TRATAVA DE UM JOGO

LAVEI A FUÇA NA SANGA
E TRATEI DE POR A CANGA
NO PESCOÇO DOS BOIS
AO MEIO DIA PASSOCA
ESPINHAÇO COM MANDIOCA
FEIJÃO COM TOICINHO E ARROIS

EM JANEIRO SOL QUE RACHA
MANDEI FAZER UMA BOMBACHA
E CONSULTEI UMA FEITICEIRA
PARA UM FEITIÇO BOTAR
PRA QUE EU PUDESSE CASAR
COM A FILHA DA COSTUREIRA.

MAS A POTRANCA ISNOBOU
E PRA MIM NADA SOBROU
ALEM DO LENÇO NO PESCOÇO
UMA CAMISA AMARROTADA
CIROLA VÉIA RASGADA
POIS QUEM MANDA EU SER GROSSO

TOCO MUI MAL UMA VIOLA
E MORO NUMA CASINHOLA
NA REGIÃO DA PITANGUEIRA
O DESTINO ME FEZ MALDADE
E EU FIQUEI SÓ NA SAUDADE
DA FILHA DA COSTUREIRA.
Vainer de AVILA
Enviado por Vainer de AVILA em 16/07/2010
Código do texto: T2381674