Sentidos Não Sentidos
Na densa neblina da tua indecisão
Meu coração dispara balas de prata
Refletindo nas luzes do teu clarão
Perdendo-se na madrugada...
Centelhas curvas de fogo abrasador
Alcançam as estrelas no delírio do desamor
Punhais e adagas voam sem destino
Zombando a vida em seu zumbido
Sobe cálida a ânsia por teu beijo
Que agora eu sei que não mais virá
Tenho os olhos na fresta, mas não vejo
Nada além do que me queres mostrar...
Gotas de sangue na água cristalina
Mancham lentamente em movimentos
Tortos e circulares, a pureza da vida
Que me falta em dados momentos
Relâmpagos e trovoadas tempestuosas
O vento varre as folhas desejosas
Em novos ares, em novas eras
Do que sonhavas ou do que eras – quimeras!
A alma cavalga louca gritando rouca
Pelos campos do além em vestes outras
Que o amor é sentido...
O vivido é o que dá sentido!
Cálices dourados, botas de couro
Teu vestido branco e brincos de ouro
Nobreza vã que não reflete ao interior
Pobreza sã que não me torna superior
Voando entre sentimentos entorpecidos
Sinto-me não sentindo os sentidos
Respondendo longe, além de onde estás
Dormindo pesado com teu sorriso sagaz...
Sussurro antes de sair:
“Eu te amo!”