Sem jeito
Guardo o teu escapulário
e o convite de formatura.
Tenho ainda o teu diário
e o projeto de arquitetura.
Teu retrato no aniversário
e tua primeira abotoadura.
Aquele documento bancário
que hoje tu ainda procura.
O pijama listrado no armário
com um perfume de candura.
O comprovante do crediário
das prestações da cobertura.
E você diz que é obrigatório
eu te riscar da minha aventura?
Por mais que seja necessário
escrever o final desta loucura,
num ato mais do que arbitrário,
não tenho jeito, não tenho cura.
Você é meu único comentário,
a melhor manchete do noticiário,
todas as notas do meu fichário
minha decoração no mobiliário.
Márcia Fernanda