Donaire

Donaire

Em um instante, um átimo, um espaço de tempo compreendido em não mais que um segundo; tu consegues passar de Anjo a Demônio num simples estalar de dedos.

Teu corpo desnudo estirado negligente na cama, puta despudorada que me reacende a já apagada chama, propostas irrecusáveis na manga Hoje trouxeste:

Beijos com gosto de tâmara madura, um sexo endiabrado, o abraço mais cálido em que já me prendi – e as loucuras ao ouvido que me disseste.

Tuas promessas jamais cumpridas, tua doce voz de menina travessa, fazem de mim, pobre mortal, não mais do que um mero brinquedo.

Perco-me a contemplar-te com um misto de espanto e ternura; encantado por este teu modo único de mesclar sedução e candura, Herodíades e Salomé em minha mente a bailar.

Falar de teus lábios tão doces é apenas chover em terreno molhado; se acaso tu nascida não fosses, se este teu corpo, dotado de tanto donaire, não tivesse sido criado, o mundo seria vazio.

Não dá prá mensurar o meu Universo antes de te conhecer, do deleite de me perder em tua carne macia, de compartilhar contigo tristezas e alegrias, de te ver e sentir no estômago aquele arrepio de frio.

Não há meio termo possível: contigo por perto assemelho-me a uma central elétrica que falhou um fusível – de repente a emoção fala mais alto; as palavras sobram - é chegada a hora do corpo falar.

Em nossas vidas, e principalmente quando fazemos amor, é preciso sempre que busquemos casar o que diz nossos corpos com o que verbaliza nossas bocas.

Cidade dos Sonhos, tarde de Sábado, início de Julho de 2010.

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 10/07/2010
Reeditado em 10/07/2010
Código do texto: T2369603
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