Eu te amo
Eu te amo...
Pelo menos penso que te amo.
Talvez apenas pense e, por isso, às vezes, até creia.
Mas não apenas penso, vou além, sinto que te amo, isto é, penso que sinto.
E se apenas sentisse... Como saberia que te amo?
Por outro lado, se não existisses certamente eu não sentiria,
Nem pensaria essas coisas.
Tudo ocorre porque de alguma forma te percebo.
Mas ainda assim pode ser que eu não te ame.
A existência é condição, não o amor.
No entanto, eu percebo as outras pessoas, as outras coisas, os outros seres
E não os quero com tanta força.
Nisto alguma diferença reconheço,
E ela – a intuição de certa diferença – parece me autorizar
A dizer que te amo.
É estranho pensar o amor dessa forma,
A partir da diferença de algo que apenas permite a existência de outro ser.
Mas agora sei que para pensar o amor (que nutro por ti)
Preciso do mundo, mesmo que o negando.
Porque o objeto amado, como todo objeto,
Tem um conteúdo, uma forma, uma maneira de ser,
Que aos olhos do amante não se assemelha a nenhum outro.
A sensibilidade disso parece, de alguma maneira,
Garantir aquilo de que suspeitava:
De que te amo.
Pelo menos penso...