DILEMA

Ontem meu coração palpitava com um pensamento inocente

Fitei os teus olhos, porém a minha boca continuou silente.

Vinte anos se passaram e tudo está tão diferente

E nem mesmo as evidências explicam o que está acontecendo com a gente.

O vento soprou... o tempo passou...

Fomos vitimados pelas ironias

Que tão de repente nos aproximou?

Eu vivo perdido nos caminhos das poesias

Na iminência de estarmos frente a frente

E quem diria...?

Que sentimentos dormentes

Despertariam da “noite” para o “dia”.

Será um sentimento que veraneia em teu peito?

Por favor, me dê maiores explicativas.

Às vezes acostado em meu leito

Aperta-me um nó na garganta de sorte que não engulo as minhas salivas.

Às circunstâncias fazem o meu coração fibrilar despedaçado

Vez por outra me assusto com os fantasmas da solidão.

E sinto os meus lábios amargarem de pecado

Será que a minha vida está em tuas mãos?

De repente, sim! De repente eu digo...

Que este coração me traiu.

Ó como eu queria saber se posso seguir em frente sem correr perigo

Se posso adentrar por esta porta que se abriu.

Meu Deus! Por que o Cupido não me avisou?

Que eu seria golpeado por esta flecha.

A minh’alma exangue chorou...

E agora? O que me resta?

Hoje vinte anos se passaram...

E uma sensação de querer paira no ar...

Os meus pensamentos se conturbaram

De tal maneira que já nem sei em que pensar.

E ainda que eu quisesse não te querer

É algo estranho e louco...

Querer-te sem ao menos conhecer

O sentimento avassalador que cresce pouco a pouco.

A minh’alma caminha demente

Buscando respostas para tudo isto no meu inconsciente

Acerca destes pensamentos que assombram a minha mente.

Dou volta e mais voltas para no mesmo lugar e passo a amar-te desesperadamente.

Como eu poderia cantar a felicidade

Percorrer os caminhos da vida de dizer que sou feliz

Vendo segundo por segundo ser tolhida a minha liberdade

De amar pelas coisas que você me diz?

Como eu pude me entregar de repente

Sem ao menos saber tua reação

Passam os dias, os anos e você continua ausente

Reduzindo a pó o meu coração.

Num destes dias deixei-me levar por tamanha ingenuidade

E cheguei até mesmo a crê

Que você viria encontra-me com toda liberdade.

Cheguei a sonhar em você me querer.

Sinto-me como um naufrago que vive a te procurar

Os dias se passam e busco terra firme

Devolva o meu direito de amar

Liberte os meus desejos que você reprime.

Cheguei a pensar...

Que numa destas noites você viria a mim como uma princesa

Pensei...pensei e até hoje estou a esperar...

Continuo debruçado nesta mesa

Compondo, relendo os versos que você não leu...

Exteriorizando palavras...

Lamentando o amor que você não me deu

Eu já não consigo conter as lágrimas.

A minh’alma da gritos dentro mim

E o meu exterior demonstra o meu sofrimento

Tanto tempo na esperança de ouvir um sim...

Espero tanto a tua chegada que te chamo em pensamento.

Vivo um grande dilema

De ter-lhe com o imensurável medo de perder-te

Derramo minhas lágrimas em mais um poema

Pois temo nunca mais poder ver-te

Se penso em estar contigo temo que você vá embora...

Como será de amanhã em diante se você me abandonar?

Manhã após manhã minh’alma se perturba e chora

Pois se você for tenho medo de você não voltar.

Escritor Acadêmico Jailson Santos - 09/07/2010