Sinto você!
(Se me sobra angustia, você é parte do peso
Se me falta contexto, você ainda mais esvazia
Se me tens manha, te tenho em mãos
Se me rouba a cena, meio retrógrado
escorrego no cinismo e saio desacreditando do teu abuso...)
As pálpebras pisoteadas por elefantes
Extremidades frias, coração acelerado
Incômodo interno. Sinto você.
Meio a um turbilhão de idéias
Capto também seu pensamento
Logo mais longe um do outro
Sei que como eu, acendeu um cigarro
Porque te sinto.
O primeiro trago foi discreto, cuidadoso. Tinhas medo
Mas à medida que queimava por dentro
Sem satisfazer o bem-estar
A dúvida foi substituída pela raiva, era quase agressivo
E sentia ainda mais medo...
Não sabia ao certo se temia o próprio medo
(ou a mim
Mas continuou firme e soberbo em seus passos
Pois se me sobra tua falta, a ausência se acomoda
Em desgarradas sensações de cacos, caos
E paixão.