Floradas e reticências
Poeta, porque lavras terra endurecida?
Corrompidos estão todos os sentidos!
Mais do menos é a ferramenta de medida;
Corações são odres de amargos vinhos!
E tu permaneces, semeando margarida,
Para uma colheita que lhe é dada em espinhos
Poeta não há vida prometida!
Além dos teus sonhos; tudo o mais são desalinhos!
Tua mão ferida, na tessitura do verso, é tida:
Mão de desonesto, que por pretexto; tece linhos,
Emoldurando o duro algodão que é a feitura da tua vida!
Não é tua a musica, deixa o canto aos passarinhos
E silencia tua boca, alivia tua sementeira, descansa desta lida
Os anjos estão surdos, guarda-te em escaninhos!
Rabe
Lavrar quando o deserto é teu arado,
Forjar da pedra fria, maravilhas.
No solo em maestria cultivado
Arquipélagos crias, raras ilhas...
Das nuvens não insetos, mas a chuva
Com a qual tu permites a florada.
Cabendo tantas vezes, como luva
Nutrindo a terra assim, bem estercada,
Amigo de sobejas poesias,
Tu fazes com teus versos magistrais
Os lumes que vagando, onde me guias
Imagens constelares, siderais.
Meu verso em reverências te agradece,
O teu canto sublime que enobrece.
MARCOS LOURES
Poeta, porque lavras terra endurecida?
Corrompidos estão todos os sentidos!
Mais do menos é a ferramenta de medida;
Corações são odres de amargos vinhos!
E tu permaneces, semeando margarida,
Para uma colheita que lhe é dada em espinhos
Poeta não há vida prometida!
Além dos teus sonhos; tudo o mais são desalinhos!
Tua mão ferida, na tessitura do verso, é tida:
Mão de desonesto, que por pretexto; tece linhos,
Emoldurando o duro algodão que é a feitura da tua vida!
Não é tua a musica, deixa o canto aos passarinhos
E silencia tua boca, alivia tua sementeira, descansa desta lida
Os anjos estão surdos, guarda-te em escaninhos!
Rabe
Lavrar quando o deserto é teu arado,
Forjar da pedra fria, maravilhas.
No solo em maestria cultivado
Arquipélagos crias, raras ilhas...
Das nuvens não insetos, mas a chuva
Com a qual tu permites a florada.
Cabendo tantas vezes, como luva
Nutrindo a terra assim, bem estercada,
Amigo de sobejas poesias,
Tu fazes com teus versos magistrais
Os lumes que vagando, onde me guias
Imagens constelares, siderais.
Meu verso em reverências te agradece,
O teu canto sublime que enobrece.
MARCOS LOURES