Floradas e reticências  


Poeta, porque lavras terra endurecida?
Corrompidos estão todos os sentidos!
Mais do menos é a ferramenta de medida;
Corações são odres de amargos vinhos!
 
E tu permaneces, semeando margarida,
Para uma colheita que lhe é dada em espinhos
Poeta não há vida prometida!
Além dos teus sonhos;  tudo o mais são desalinhos!
 
Tua mão ferida, na tessitura do verso, é tida:
Mão de desonesto, que por pretexto; tece linhos,
Emoldurando o duro algodão que é a feitura da tua vida!
 
Não é tua a musica, deixa o canto aos passarinhos
E silencia tua boca, alivia tua sementeira, descansa desta lida
Os anjos estão surdos, guarda-te em escaninhos! 
 
Rabe
 

Lavrar quando o deserto é teu arado,
Forjar da pedra fria, maravilhas.
No solo em maestria cultivado
Arquipélagos crias, raras ilhas...
 
Das nuvens não insetos, mas a chuva
Com a qual tu permites a florada.
Cabendo tantas vezes, como luva
Nutrindo a terra assim, bem estercada,
 
Amigo de sobejas poesias,
Tu fazes com teus versos magistrais
Os lumes que vagando, onde me guias
Imagens constelares, siderais.
 
Meu verso em reverências te agradece,
O teu canto sublime que enobrece.
 
MARCOS LOURES
 
 
Olimpio de Roseh
Enviado por Olimpio de Roseh em 08/07/2010
Código do texto: T2366135
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